Chamada para o Dossiê nº 28 (Vol. 14, 2023)

03/08/2020

Não é de hoje que a história volta seus olhos às narrativas biográficas em seus mais diferentes gêneros, mas não há dúvidas de que esse movimento, impulsionado nas últimas décadas pelos debates promovidos pelo que ficou comumente conhecido como guinada subjetiva nos permitiu lançar um olhar mais atento, não só para as vidas que até então não apareciam como protagonistas da história, mas também para os usos das narrativas biográficas como formas de aprofundar o ensino de história. Tendo isso em mente, a proposta do presente dossiê é abordar os múltiplos formatos e usos das narrativas de vida para o ensino de história, integrando abordagens que partam de um estudo conceitual das chamadas “grafias de vida” (biografias, autobiografias, cartas, diários, entrevistas) para, a partir daí, pensar possibilidades e abordagens para a construção do saber histórico dentro da academia, bem como nas salas de aula da Educação Básica. Dessa forma, o dossiê pretende acolher trabalhos que discutam questões que envolvam o(s) modo(s) de narrar e a razão dialógica no mundo contemporâneo, tendo como eixo condutor os usos do biográfico para a escrita e o ensino de história. Nesse sentido, nos ancoramos nas relações entre as narrativas de vida e a construção de memórias e identidades, seus usos pela historiografia ao longo do tempo e as possibilidades de análise, estudo e usos no âmbito do ensino de história. Na elaboração desta proposta estamos considerando, como aponta Leonor Arfuch (2010), que ao trabalharmos com histórias de vidas, em seus múltiplos usos e possibilidades, as vidas narradas devem ser consideradas mais do que um mero caso ou informante, por mais emblemático e arquetípico que este possa parecer, mas que os personagens dessas histórias de vidas devem ser entendidos sobretudo como interlocutores que muito podem nos auxiliar no entendimento de um determinado contexto político, histórico e/ou social, especialmente quando suas vozes são confrontadas com outras vozes.  A partir dessa chave, também ressaltamos que escrever – assim como ensinar e aprender - emerge como um ato político, como bem nos lembra Grada Kilomba (2019), portanto este dossiê pretende oferecer um espaço para divulgação de trabalhos que se destinem a pensar sobre vidas marginalizadas histórica e/ou socialmente, como mulheres, negros, homossexuais e indígenas, e sobre as possibilidades de pensar as histórias de vidas destes indivíduos para a pesquisa e o ensino de história.

As propostas devem ser encaminhadas até 15/10/2023 pelo sistema da Revista Crítica Histórica.

Atenciosamente,

As organizadoras:

Me. Andréa Camila de Faria Fernandes (UERJ)

Dra. Claudia Patrícia de Oliveira Costa (SEEDUC-Rio)