Quem tem tempo de escrever na pandemia de Coronavírus?

Ciências Sociais, produção acadêmica e maternidade

Autores

  • Rosamaria Carneiro Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.28998/lte.2022.n.1.12323

Resumo

Este artigo problematiza as consequências da pandemia de Coronavírus na produção intelectual de docentes universitárias mães. Para isso, descreve a configuração da casa pandêmica, em seu tempo/espaço e sobreposição dos trabalhos produtivo e reprodutivo, pontuando como afetaram na sua escrita acadêmica. Como estrutura argumentativa toma as ideias de “crise” e de “artesanato intelectual” como margens para pensarmos sobre duas questões: sobre o que escrevemos – enquanto cientistas – na crise? Como mães intelectuais escrevem em tempos tão adversos? Metodologicamente, toma escritos teóricos e resultados de pesquisas recentes sobre a produção intelectual feminina durante o isolamento social; mas também a teoria social já posta sobre crise, gênero e ciência, para além de notas e percepções oriundas do cotidiano da própria autora, docente universitária e mãe de duas crianças pequenas, em um registro marcadamente auto-etnográfico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AURELIANO, W. Refazendo-se: sobre maternidade e deficiência. In: SOARES, C. E. C. A.; CIDADE, S. A. C.; CARDOSO, C. V. (Orgs.). Maternidades Plurais: os diferentes relatos, aventuras e oceanos das mães cientistas na pandemia. 1ª ed. Belford Roxo: Bindi, 2020, p. 815-821. 2020.

CARDOSO DE OLIVEIRA, R. O Trabalho do Antropólogo: olhar, ouvir, escrever. Revista de Antropologia, vol. 39, nº. 1 (1996), pp. 13-37.

CARUZO, M.B.R.; RAMALHO, M.O., PHILIPP, J.; BRAGAGNOLO, C. Maternity, science and pandemic: an urgent call for action! Hoehnea [online]. 2020, vol. 47 [cited 2021-03-31], e812020.

CASTANEDA-RENTERIA, Liliana Ibeth Castañeda. Tiempo, género y pandemia. Ciclo de Seminário. Além da Pandemia de Covid-19. Sociedade, temporalidades e poder: olhares globais. Organização Universidade do Minho/PT e Universidade de Guadalajara/MÉX. Apresentação Oral. 04 de fevereiro de 2020.

CASTRO, Bárbara; CHAGURI, Mariana. Um tempo só para si: gênero, pandemia e uma política científica feminista. Blog DADOS, 2020 [publicado em: 22 mai. 2020].

FEDERICI, S. O ponto zero da revolução: trabalho doméstico, reprodução e luta feminista. São Paulo: Elefante, 2018.

FONSECA, C. Mãe é Uma Só?: Reflexões em torno de alguns casos brasileiros. Psicol. USP, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 49-68, 2002.

FREITAS, B. Mãe, ainda mulher: uma narrativa sobre a imbricação dos papéis e das formas de existência de uma mulher mãe na pandemia. Áltera, João Pessoa, v. 1, n. 10, p. 433-440, jan./jun. 2020.

GAMA, Fabiane. A autoetnografia como método criativo: experimentações com a esclerose múltipla, Anuário Antropológico, v. 45, n. 2, p. 188-208. 2020.

GEERTZ, C. A interpretação das culturas. lª ed., IS. reimpr. Rio de Janeiro: LTC, 2008, p. 323.

GOLDEMBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Record, 2017.

HARAWAY, D. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 5, p. 7-41, 2009.

HIRATA, H. Subjetividade e sexualidade no trabalho de cuidado. Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 46, p. 151-163, 2016.

LAQUEUR, T. Inventando o Sexo: corpo e gênero, dos gregos a Freud. Tradução: Vera Whately. Relume Dumará. Rio de Janeiro, 2001.

LEVI-STRAUSS, C. De perto e de longe. RJ: Nova Fronteira, 1990.

LOURETTI, P.; SANCHES, T. Maternidade, academia e pandemia. Le Monde Diplomatique. Feminismos Transnacionais. Edição de 22 de maio de 2020.

MALUF, Sônia Weidner. Janelas para a cidade pandêmica: desigualdades, políticas e resistência. Tomo Programa de Pós-Graduação em Sociologia, v. 38, pp. 251-284, 2021.

MILLS, W. C. Sobre o artesanato intelectual e outros ensaios. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.

MORAIS LIMA, Andressa Lidicy Morais; MORAES, Lorena Lima de. A pandemia de Covid-19 na vida de mulheres brasileiras. Revista Inter-Legere, v. 3, n. 28, p. c22568, 14 set. 2020.

NAKAMURA, E. O método etnográfico em pesquisas na área da saúde: uma reflexão antropológica. Saúde soc. v. 20, n. 1 pp. 95-103, 2011.

OLIVEIRA, L. A. A espacialidade aberta e relacional do lar: a arte de conciliar maternidade, trabalho doméstico e remoto na pandemia da Covid-19. Revista Tamoios, [S.l.], v. 16, n. 1, mai., 2020.

PIRES, F. F. Por que as mães reclamam tanto? O Isolamento Social Imposto pelo Covid-19 e o Cansaço Estrutural das Mães. In: SOARES, C. E. C. A.; CIDADE, S. A. C.; CARDOSO, C. V. (Orgs.). Maternidades Plurais: os diferentes relatos, aventuras e oceanos das mães cientistas na pandemia. 1ª ed. Belford Roxo: Bindi, 2020, p. 372-377.

ROHDEN, F. O império dos hormônios e a construção da diferença entre os sexos. Hist. Ciênc. Saúde – Manguinhos [online]. 2008, vol. 15, suppl., pp. 133-152.

ROSO, A.; GUDOLLE DE SOUZA, J.; MATOS ROMIO, C.; DE SOUZA, A. F. Fique em casa. Revista Inter-Legere, v. 3, n. 28, p. c21581, 2 set. 2020.

SIQUEIRA, P.. Ser afetado, de Jeanne Favret-Saada. Cadernos De Campo (São Paulo - 1991), 13(13), 155-161. 2005.

STANISCUASKI, F. et al. Gender, race and parenthood impact academic productivity during the Covid-19 pandemic: from survey to action. BioRxiv, 2020.

STANISCUASKI, F., et al. Parent in Science Movement. 2020. Impact of Covid-19 on academic mothers. Science 368: 6492. 2020.

VELHO, G. Observando o familiar. In: Oliveira, Edson. A Aventura Sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

WOOLF, V. Um teto todo seu. Trad.: SOUSA, N. B.; MATTOSO, G. 1ª ed. São Paulo: Tordesilhas, 2014.

Downloads

Publicado

2022-09-22

Como Citar

CARNEIRO, Rosamaria. Quem tem tempo de escrever na pandemia de Coronavírus? : Ciências Sociais, produção acadêmica e maternidade . Latitude, Maceió-AL, Brasil, v. 16, n. 1, p. 234–252, 2022. DOI: 10.28998/lte.2022.n.1.12323. Disponível em: https://www.seer.ufal.br/index.php/latitude/article/view/12323. Acesso em: 10 out. 2024.