Notas sobre as formas de apropriação dos resíduos sólidos urbanos: pensando a partir dos documentários Boca de Lixo e Lixo Extraordinário
DOI :
https://doi.org/10.28998/rm.2018.n.5.5502Mots-clés :
Resíduos Urbanos, Catador de Lixo, Artista PlásticoRésumé
O célere crescimento das grandes cidades e a consequente expansão do mercado consumidor urbano, aliados às práticas culturais de caráter consumista, em certa medida impulsionadas pela obsolescência programada dos produtos, conduzem à produção exponencial de resíduos. O presente artigo se volta justamente à conjuntura dessa produção de resíduos urbanos, focalizando alguns dos sujeitos aí envolvidos e certas formas de apropriação desses resíduos. Para isso, apoiamo-nos em dois documentários, Boca de Lixo e Lixo Extraordinário, que voltam suas lentes para dois depósitos de resíduos urbanos, os quais se localizavam na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. No decorrer do trabalho, duas figuras são colocadas em evidência, o catador de resíduos e o artista plástico, cujo ponto em comum é, precisamente, o fato de ambos ressignificarem e transformarem os restos das nossas sociedades consumistas em materiais dotados, respectivamente, de valor de uso – quando se destinam à sobrevivência de sujeitos, sendo restituídos de sua função original ou destinados à reciclagem – ou valor artístico – quando são apropriados pelo artista na constituição de obras de arte.
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